Lombar vem do Latim “lumbus”: parte inferior das costas. Algia é um sufixo de origem grega que significa dor.
Lombalgia é um sintoma: dor lombar. Suas causas podem ser as mais diversas.
84% da população mundial em algum momento da vida sentem dor lombar.
A maioria apresenta uma crise por período de tempo limitado.
A dor lombar é classificada como aguda: > 4 semanas; subaguda: 4-12 semanas; ou crônica > 12 semanas.
Apresenta-se sozinha ou associada a outros sintomas como dor nos territórios inervados pelas raízes lombares, déficits motores, distúrbios de sensibilidade, febre, mal-estar, etc. Sinais e sintomas podem guiar o raciocínio diagnóstico.
Raízes lombares são feixes de fibras nervosas que se originam na medula espinhal e emergem de cada lado das vértebras lombares. As raízes lombares transportam sensibilidade e força motora para partes específicas dos membros inferiores.
Ciática é um termo inespecífico usado para descrever uma variedade de sintomas nas pernas ou nas costas. Normalmente, a ciática refere-se a uma dor aguda ou em queimação que irradia da nádega ao longo do curso do nervo ciático (o aspecto posterior ou lateral da perna, geralmente até o pé ou tornozelo). Grande parte das ciáticas é atribuível à compressão das raízes lombares.
Os fatores de risco associados às queixas de dor nas costas incluem tabagismo, obesidade, idade, sexo feminino, trabalho fisicamente extenuante, sedentarismo, trabalho psicologicamente extenuante, baixo nível educacional, seguro de acidentes de trabalho, insatisfação no trabalho e fatores psicológicos, como transtorno de somatização, ansiedade e depressão.
Etiologia – Causas:
85% dos pacientes tem dor nas costas na ausência de uma condição subjacente específica (causa) que possa ser identificada de forma confiável. Podendo corresponder a uma dor musculoesquelética que melhora em poucas semanas.
Apenas 1% dos casos de lombalgia tem causas graves. Como a Síndrome da cauda equina, Metástases ósseas, Abscesso epidural espinhal, Osteomielite vertebral.
10% – 15% das dores lombares têm causas menos graves como:
• Fratura vertebral por compressão decorrente de osteoporose;
• Alterações degenerativas nas vértebras (envelhecimento e desgaste dos ossos, discos, ligamentos e articulações da coluna lombar);
• Estreitamento do canal vertebral lombar;
• Herniação discal, a famosa hérnia de disco, que corresponde a 3-4%;
• Espondiloartrite axial que é uma doença inflamatória com rigidez matinal, melhora com exercícios e dor noturna;
• Osteoartrite facetária da coluna;
• Escoliose e hipercifose.
É possível que a lombalgia seja causada por problemas fora da coluna. Exemplos incluem pancreatite, nefrolitíase, pielonefrite, aneurisma da aorta abdominal ou herpes zoster. Assim como osteoartrite do quadril com dor referida na coluna e a síndrome do piriforme. Considerada uma condição na qual o músculo piriforme, localizado nas nádegas, comprime ou irrita o nervo ciático.
Anamnese, Exame Neurológico e Exames de Imagem:
A avaliação da dor lombar se inicia com coleta detalhada da história clínica do paciente. Seguida de exame físico. O objetivo é identificar características que sugiram a indicação de uma avaliação mais aprofundada, em vez de fazer um diagnóstico primário.
Exames de imagem no contexto de dor lombar aguda habitualmente não estão indicados. As anormalidades de imagem são extremamente comuns, especialmente em adultos mais velhos, mas a maioria está mal correlacionada com os sintomas.
Nos Estados Unidos da América, um estudo incluindo 405.000 pessoas com dor lombar inespecifica e sem características preocupantes de malignidade ou infecção mostrou que a realização de ressonância magnética dentro de 06 semanas da apresentação inicial foi associada a uma maior probabilidade de cirurgia nas costas (1,5 versus 0,1%), tratamento com opióides, morfina e seus derivados, (35 versus 29%) e custos maiores (US$ 8.000 versus US$ 5.500) em um ano.
Além disso, os exames de imagem frequentemente apresentam achados anormais em adultos sem lombalgia, o que dificulta a determinação de quais achados de imagem são clinicamente significativos. Como exemplo, as hérnias de disco na ressonância magnética são vistas em 22 a 67% dos adultos assintomáticos e a estenose espinhal em 21% dos adultos assintomáticos com mais de 60 anos.
Para o grupo de pacientes com dor lombar que requerem imagens avançadas, a Ressonância Magnética da coluna lombar é geralmente considerada o melhor exame inicial. Ela fornece visualizações em vários planos e demonstra discos, ligamentos, raízes nervosas e gordura epidural, bem como a forma e o tamanho do canal espinhal. Leia também: https://julianamedeirosino.com/ressonancia-magnetica/
A história natural da lombalgia aguda é bastante favorável, mas os pacientes requerem reavaliação se não melhorarem após cerca de um mês.
Red flags – Sinais de Alerta
Sinais de alerta sugerem a necessidade de extensão da propedêutica, habitualmente com Ressonância Magnética da coluna lombar conforme citado acima.
• História de câncer (maior probabilidade de malignidade na coluna);
• Idade avançada, uso prolongado de corticosteroides, trauma grave e presença de contusão ou abrasão, trauma leve recente em um paciente com diagnóstico conhecido ou fatores de risco para osteoporose (maior probabilidade de fratura vertebral);
• Sintomas de compressão da medula espinhal ou da cauda equina ou déficits neurológicos progressivos e/ou graves, ex. : nova retenção urinária, incontinência urinária por transbordamento da bexiga, nova incontinência fecal, anestesia em sela e déficits motores significativos não localizados em uma única raiz nervosa;
• Radiculopatia atribuível a um único território de raiz nervosa sem melhora após 04 semanas de terapia conservadora;
• Suspeita clínica moderada a alta de infecção da coluna vertebral, ex. : febre, sensibilidade à palpação (osteomielite vertebral) e sintomas neurológicos (abscesso epidural espinhal), imunossupressão, hemodiálise, uso de drogas injetáveis, procedimento epidural/espinal invasivo recente, endocardite ou bacteremia;
• Sintomas persistentes devido a uma radiculopatia lombossacral ou estenose espinhal que não responderam ao tratamento conservador e que são candidatos a terapias invasivas (por exemplo, cirurgia ou injeção epidural para radiculopatia).
Casos sem sinais de alerta devem receber tratamento conservador por 08 semanas. A repetição da imagem é indicada em pacientes com sinais e sintomas novos ou agravados que se desenvolvam nesse ínterim.